Alcançar às crianças angolanas Dose zero com vacinação que salva

Alcançar às crianças angolanas Dose zero com vacinação que salva

Laurinda Pandasala ficou entusiasmada quando deu à luz a sua filha, Ana, em Julho de 2023. Embora o evento tenha sido alegre, também sentiu uma ansiedade subjacente. Ela queria o melhor para a sua filha, especialmente no que respeita aos cuidados de saúde. No entanto, o acesso às vacinas infantis de rotina para a Ana em Canduvene, uma pequena aldeia na província angolana do Bié, revelou-se assustador. A viagem até à unidade de saúde mais próxima era difícil, sobretudo com um recém-nascido e devido a outras prioridades familiares. Ana perdeu vacinas essenciais, o que a deixou entre as crianças com dose zero que não receberam a imunização de rotina. 

A vacinação de rotina está no centro da segurança sanitária, representando uma componente essencial dos cuidados de saúde primários. As perturbações associadas aos esforços de vacinação contra a COVID-19 sobrecarregaram os sistemas de saúde em 2020 e 2021, resultando em retrocessos dramáticos e em muitas crianças, como a Ana, que ficaram de fora da cobertura vacinal. 

 

 

Por conseguinte, em 2023, o Ministério da Saúde de Angola lançou o projecto Zero-Dose nos Países de Rendimento Médio (MICS), financiado pela Gavi, a Vaccine Alliance, com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS), da UNICEF e da World Vision International, para aumentar a cobertura da vacinação de rotina e integrar as crianças com Dose zero nos programas de vacinação.

O projecto foi implementado em Setembro de 2023 e teve como alvo as províncias de Luanda, Huambo, Bié, Cunene e Cuanza Sul. Mudou a vida de milhares de famílias nos 22 municípios mais afectados e com baixos indicadores. Estas províncias têm 41% do total da população nacional com menos de um ano e acumulam cerca de 60% de crianças com Dose zero. 

O projecto inclui uma série de actividades, entre as quais a prestação de apoio técnico durante as campanhas de vacinação, a supervisão das unidades sanitárias, a elaboração do inventário da cadeia de frio e dos microplanos de intensificação da vacinação, a participação em actividades de mobilização social e o intercâmbio de lições aprendidas e boas práticas entre todas as partes interessadas. 

 

 

“A OMS prestou apoio técnico na formação de técnicos das unidades sanitárias em boas práticas de vacinação de rotina e no reforço da cadeia de frio, a nível do sistema nacional, tanto a nível municipal como provincial, para garantir uma vacinação de boa qualidade a todos os níveis”, diz Camilo Tomé, Consultor Provincial do projecto MICS no Bié. 

Consequentemente, a Ana foi uma das 471 122 crianças com menos de 1 ano, representando 41% deste grupo etário, que foram abrangidas pelo projecto MICS Zero-Dose.

Desde a sua implementação, tem havido um impacto positivo nos indicadores nacionais de imunização, com um aumento da cobertura vacinal de mais de 60 % para os dez antigénios, devido ao reforço das actividades de mobilização social da comunidade através dos meios de comunicação social locais, ao envolvimento da liderança tradicional e comunitária, à utilização de líderes comunitários de saúde que estão envolvidos no mapeamento de todas as organizações locais que apoiam actividades de saúde, à identificação clara das crianças com Dose zero e à implementação da intensificação direcionada com actividades de vacinação móveis/de proximidade. 

Os dados comparativos de vacinação nacional de Outubro a Dezembro de 2022/2023 mostram uma melhoria nas taxas de acesso e utilização, tendo aumentado a primeira dose de pentavalente (DPT1) de 75,8% para 90,2% em 2023, enquanto a cobertura da terceira dose (DPT3) aumentou de 67% para 84% em 2023, respectivamente. 

 

 

Segundo o Dr. Zabulon Yoti, Representante da OMS em Angola, o aumento da cobertura vacinal reflecte o empenho do Ministério da Saúde em ultrapassar os desafios e criar um futuro mais saudável para as gerações vindouras. “A OMS agradece à GAVI pelo valioso financiamento e a todos os parceiros envolvidos nesta importante iniciativa que trouxe não só vacinas, mas também esperança às famílias angolanas”, diz o Dr. Yoti.

Através dos esforços de colaboração do Projecto MICS Zero-Dose, as equipas de vacinação, os mobilizadores sociais, os líderes comunitários e religiosos uniram-se para garantir que nenhuma criança fosse deixada para trás na luta contra as doenças evitáveis por vacinação.

Ana e inúmeras crianças receberam a primeira dose da vacina e continuam cumprindo o calendário de vacinação para que possam ter uma vida saudável e plena.

“Agora, estou feliz porque a minha filha está protegida contra as doenças e é saudável. Todas as crianças da nossa comunidade estão agora mais saudáveis por causa das vacinas. Estamos muito gratos”, diz Laurinda Pandasala.